O XV Congresso da AMP será realizado de 30 de abril a 3 de maio de 2026 em Paris, presencialmente e por videoconferência. Seu tema: “Não há relação sexual”.
Direção: Ricardo Seldes.
Argumentos
Do mistério ao segredo do sexual
Ricardo Seldes
O desafio com o qual a AMP nos confronta, o de apresentar o próximo Congresso cujo título é um aforismo, nos remete aos excelentes resultados dos dois últimos. Trata-se de uma frase curta, que não chega a ser um haicai, mas sim um compactado de saber criado e pronunciado por Lacan em diversas ocasiões. O próximo Scilicet dará conta de cerca de vinte deles.
Podemos considerar a possibilidade de rastrear suas origens, tanto no percurso do ensino de Lacan como nas construções freudianas, que conseguem nosremeter às consequências lógicas derivadas do aforismo Não há relação sexual, a fim de nos perguntarmos como Lacan afirmou, negou e distribuiu os desenvolvimentos de Freud e os seus próprios para concluir com um dizer preciso e sempre em movimento, posto em questão.
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“Não há relação sexual”
Christiane Alberti
O título deste Congresso, “Não há relação sexual”, convoca, de início, uma observação: é a primeira vez que o termo “sexual” aparece no título de um congresso da AMP. Temos, portanto, a oportunidade de questionar o que tornou a descoberta freudiana um escândalo, mas também seu sucesso, se considerarmos que Freud contribuiu para a dissolução da moral sexual civilizada ao trazer à luz a importância do sexual na economia psíquica, a ponto de apontar a sexualidade infantil. Ele estendeu sua significação muito além da cópula animal e da genitalidade, considerando por exemplo que, na sexualidade infantil (referindo-se ao pediatra Lindner), é na sucção que devemos ver o protótipo da pulsão sexual: uma reivindicação primária, primordial, de voluptuosidade, independente da necessidade vital, um estado do corpo silencioso em relação a si mesmo. Ele o escreve de modo radical em “A moral sexual civilizada”: “a pulsão sexual só faz o que lhe dá na cabeça”.
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